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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cio

Dos montes, o mais alto. Dos delírios o mais real.
Dos lugares, o mais belo. Dos instantes, o mais especial
Limite entre o céu e a terra, o profano e o sagrado;
Entre a prisão e a liberdade, a inocência e o pecado.

O topo da cidade, do prazer e do amor;
tocava-se as nuvens e movia-se as estrelas.
Sublime ao ponto de parecer um sonho
impalpável, improvável, impossível
- Mas de impetuosa verdade.

Pelo pára-brisa viam-se milhares de luzes
(do nosso ritual) velas a iluminar.
No poste via-se um casal de colibris
Insólitos cúmplices a presenciar.

Enquanto as luzes apagavam-se,
o desejo mútuo acendia-se;
Junto com o sol que erguia-se imponente,
ohares cruzavam-se (magnetismo crescente)

Acariciava meus sentidos:
- como a mais doce das palavras,
- como a mais gloriosa das vivências.
Dilatava-se em mim:
- como a mais sutil das plumas,
- como o mais cuidadoso intruso.

Sacudiam-me todas as formas de reagir
à dor desse prazer, às lagrimas desse gozo
Queria chorar, sorrir, queria gritar e
dizer:  - Eu escolhi você!

Autor: Rafael Pedroso
Ps: À P.E. o doce intruso.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ao meu útero.

No ringir dos caninos, o ódio dos entes
queridos não, morridos! Agora morrentes.
- cretina.
O horror do tremor, o rancor do furor.
voz do trovão interior, a dor repentina.
Meu útero que me escolta,
tudo isso terá volta.

Ave Maria, cheia de empecilhos
Bendita és tu entre as mulheres.
E maldito é o fruto do vosso ventre
- eu.

Sístole e diástole no íntimo pulsante,
Apressa-se. Narcotizante
- sangue venoso
Enrubesce a face. De cólera (o tecido)
Um devaneio surreal, doloroso:
Fissão nuclear, o corpo é usina
Lágrima, contração e vitamina

Um Parto. palavreado nú
Vingança sim. Para ti,o meu eu crú.
- Culpo a sua cor.
Minha - vida, escolha, anseio, devaneio
apenas uma verdade, amor .
Cuspi no prato que comi, e daí?
Na fúria suprema e extrema caí

Eu de cores mil
os outros um completo vazio
- varonil
Arco-íris, fique à vontade.
Pouco me importa se não és tu a verdade,
O amor prevalece em detrimento da dor,
sagrado mistério do meu Senhor.

Santa Maria, minha mãe
Deixai em paz, nós os pecadores
Agora e na hora de nossa morte
-amém.

Autor: Rafael Pedroso

sexta-feira, 17 de setembro de 2010



''Lá fora a tarde cai no horizonte
E o ipê amarelo do vizinho
Pingou o dia todo em meu quintal
Um tapete bordado, flor a flor.

É como se Midas tocasse o dia
E tudo em ouro se transmutasse

Doce sensação em meu coração...

É setembro, é primavera, o sol se põe..
E a vida sorriu para mim!''


Obs: Trecho da poesia 'Ipê amarelo' de Lenise Marques (adaptado)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Duelo de gigantes.

A chuva cai lá na grama, lágrima cai na cama
Ama, amou e amará
Só eu que não, pura ingratidão.

Meu amor ele esperava, muito atento eu estava,
amava. Perdi e fugi,
agora vi - futuro incerto, pensei estar certo.

Eu em ti, lápis. Escrevo salvação
Eu sem ti, borracha. Apago comunhão
Eu em ti, preso. (no reprimir)
Eu sem ti, alivio. (no descobrir)

Criador, cria e atura. Criatura, cria a dor.
A dor cria o amor, o amor cria a dor;
A altura cria a fé, a fé cria a altura;
Eu aturo a dor porque a dor atura eu.

Sangue derramado, lava o pecado
Chuva ligeira, lava a sujeira
- cegueira.
Eu contra mim, contrai
Mim contra eu, contorceu
- morreu.

Meu pecado, doce gosto delicado,
Cuja conseqüência é amarga decadência.
Largou-me as traças acorrentado,
o maldito Lutero. Vedou a indulgência

Meu duelo interno, exaustivo e continuo.
Aqui a tradição, branca e celeste.
Lá a inovação, negra e infernal.
Pastando em mim estão a besta e cordeiro.
Funesto livre arbítrio, a escolha é minha.

Perplexidade dúvida e irresolução
Imaculado vinho. Corrompido pão.
Sangue, a alma cândida. Corpo, a carne fétida.
O tempo dimana. A covardia majora.

Só de pão viverei eu,
flutuando na imensidão, vazia.
Fico aqui passeando no bosque,
enquanto o Seu Lobo não vem.
Está pronto Seu Lobo?

Autor: Rafael Pedroso

Essa é antiga, logo percebe-se pelo conteúdo claramente religioso ( sim, eu vivi alguns longos anos na igreja) mas eu gosto dela, é de impacto e marcou minha vida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Nefelibate-se

Doce candura, a singela inocência
(dedo, umbigo e consciência)
que dura,
perpétua -mente- pura.

Radiante desejo, no infindável galanteio
(rimo, canto e semeio)
sigo o cortejo,
final–mente- o beijo.

Enigmático sonhador (ele e Lennon)
o idealista nefelibata
negando o imposto pela ata.
pintando centopéias na chuva,
veraneio, sombra e uva.

Imponente criador de si,
artistando o próprio destino
do homem faz o menino.
do branco faz o arco-íris,
no frio, um livro, um café e um pires.

(Já dizia seu precursor,
imagine all the peoples
pintando centopéias,
o mundo seria melhor)

Autor: Rafael Pedroso

Obs: Com muito prazer, público o primeiro texto de minha autoria no blog, dedicado àquele que levará o nome de Reserva do Iguaçu para o mundo. 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Rápido e Rasteiro

Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.

Autor: Chacal

Feriado prolongado, festival confirmado, ingressos comprados. Espero que todos estejam tão empolgados quanto eu.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

It's September 1st

Como dizia o poeta, atravessamos agostos que parecem eternos e, nos setembros, suspiramos quase leves outra vez. Feliz setembro a todos nós!

Quando setembro chegar

Quando setembro chegar
o inverno terá acabado
e o amanhecer virá me acordar,
apressado.

Não mais haverá folhas secas
caídas ao chão,
pois as cores, antes tímidas,
voltarão.

Quando setembro chegar
o sol estará pleno,
iluminando os mares
do meu mundo.

Uma brisa suave teimará
em bater de leve meu rosto,
desajeitando meus cabelos
úmidos e pesados.

Um aroma antigo se fará presente,
trazendo consigo a quietude
do meu ser.

Quando setembro chegar
serei embalada por uma música
e por alguns instantes
deixarei de respirar.

Em órbita, minha razão
terá sido arrancada de mim
por algo que não pretendo explicar.

Teremos tempestade. Ventania.
Um doce fechar de olhos.
Um meio sorriso preso nos lábios.

Quando setembro chegar
correrei ao encontro dos sentidos.
Ao abrir uma janela
descobriria um novo cheiro,
ao escancarar uma porta
um novo gosto.

Na intimidade de um toque,
desvendaria um olhar.
Uma onda de felicidade
atingirá todo meu corpo.
Alegria em forma de espuma
nos pés,
Contentamento em forma de grãos
de areia nas mãos.

Não haverá nuvens no meu céu.
Quando setembro chegar
eu serei todas as estações do ano.

Autora: Ludmila Guarçoni (com pequenas adaptações)